sexta-feira, 3 de junho de 2016

Deus não joga dados, mas nós jogamos!

A ninguém quero convencer.
Quero praticar.
Nenhum argumento é mais forte
 que nossa prática.


Um grande amigo de horas filosofais me lembra que o mundo é um alvo móvel.

Entre muxoxos e desespero, invoco o salvador, não o Salvador, que a este recorrerei em casos terminais, mas ao Clovis, admirado comum:

_ Valei-me Clóvis de Barros, salvai-me com a ética!

Clóvis não responde, pelo menos não a tempo de impedir que a noite vagueie entre espirros de uma gripe mal acabada e pensamentos existenciais vagabundeando as idéias.

Levanto da cama antes do toque calmo que ensinei a meu smartphone. Para a gripe decidi-me por experimentar um Jala Neti que, improvisado, mostra-se eficaz. Encontrei Jesus com um descongestionar de fossas nasais e de alma.

Para o caso do alvo móvel, cedo ao amigo Nelson. É verdade, a tecnologia, a vida moderna, se tornou um alvo móvel e, fuja-se desta premissa para se estar condenado às chagas ardentes do ostracismo. 

O que uma empresa quer hoje, quer diferente amanhã. Nós, consumidores exigentes e originais acordamos todos os dias para desejos novos, muitos deles inventados pelos magos das eternas startups, nada que venha de nossas mentes ou espíritos.

Sim, o mundo quer mais e é justo que queira. As empresas querem mais e é justo que queiram. Não vindo Clóvis, pelo menos não ainda, recorro ao José Pacheco, educador Português, para revisitar o paradoxo do ensino: alunos que sobrevivem, alunos que se apagam, professores clientes, professores fornecedores.

A busca é a mesma. Em tudo, na tecnologia ou na educação o mundo se transforma com tal rapidez que não sabemos o que os outros querem, o que querem os alunos, os educadores, as escolas, o governo, qualquer cliente e somos todos clientes uns dos outros.

Pacheco me ensinou sobre individualidade na escola e o marketing moderno responde com a relação um-a-um no varejo. Se somos únicos, precisamos de respostas únicas.

Então, chafurdo a alma mal acordada para encontrar o que me incomoda e respondo:

_ Não se sustenta!

Não podemos despertar todas as manhãs para tirar na sorte o que vamos pedir do outro. Temos que avançar, sejamos empresas ou pessoas, para um mundo melhor e, sabe lá o criador, mais global, o que quer que isso signifique.
Não desafio o mundo a ser previsível, mas desconfio que a natureza tenha lá suas regras e acho presunção da raça humana querer não fazer parte delas.

Não sei se é um discurso ético ou contra-evolucionista, não sei. Sei apenas que as relações das empresas com seus fornecedores, de professores com seus alunos, de pais com seus filhos, de guias espirituais com seus rebanhos, tudo isso vice-versa e quanto mais venha, estas relações precisam ser honestas.

Se perdermos a capacidade de dizer não quando devemos, se continuarmos a brincar uns com os outros na hora de comprar, vender, ensinar, orar, se não formos claros quanto ao fato de estarmos avançando e queremos que os outros nos atendam nestes avanços, só conseguiremos provar duas coisas:

Primeiro, que não sabemos para onde vamos e tateamos, cegos de inovação, por um mundo que nem fazemos idéia de qual seja.


Segundo que, estando certo Einstein, Deus pode não jogar dados com a natureza, mas nós jogamos.

terça-feira, 24 de maio de 2016

A terra onde tudo se prova

Autointitulado um escritor nervoso, Javier Marías disparou recentemente, em entrevista ao jornal El País, que a internet organizou a imbecilidade pela primeira vez no mundo.

Fiquei pensando que Javier tem razão, mas, de assalto, uma idéia me assombrou: afinal de contas, o que é o imbecil?

O pensador mineiro, decano de tecnologia da informação, Lucio Fonseca, me lembra num post recente, citando George Johnson (Fogo na Mente) que crenças religiosas e teorias científicas bem podem ser somente construções mentais, feitas pelo cérebro humano e que, normalmente, não têm a ver com a realidade.

Meu gosto por desafiar o Google é notório. Vamos a ele!

Digito “Obama is an asshole (Obama é um idiota). 920000 resultados! Agora “Obama is an wise (Obama é um sábio). Recebo 56.500.000 resultados! Ponto pro Obama.

Mas, atento, dirá o leitor que Obama não vale, que é tendencioso. Tentemos alguém acima de suspeitas... Vejamos... Que tal Cristo?

Para imbecil, 2.500.000 resultados. Para sábio, 4.250.000...

Concluo, se puder concluir, que Obama manda melhor que Cristo nesta terra onde tudo se prova.

Em busca de respostas, tropeço em “O Mestre Ignorante, cinco lições sobre a emancipação intelectual”, de Jacques Rancière. Relembra a história de Joseph Jacotot, um professor do século XIX que rompe com o modelo de ensino quando prova que é possível ensinar sem conhecer a matéria ensinada, se nos dispusermos a libertar o espírito de quem aprende e o emanciparmos intelectualmente. Está lá, contado e provado.

Está certo Javier Marías, quando diz que a imbecilidade foi organizada na web, mas sua frase esconde uma verdade maior, a de que a imbecilidade política, cultural ou de qualquer matiz não é filha da internet, mas do caminhar da humanidade. Se tudo ia ser globalizado, porque não a idiotice?

A missão de quem educa é emancipar, não doutrinar. É não se calar sobre suas convicções, mas ajudar o filho, o aluno, o membro de partido ou de igreja a ouvir e pensar e então concluir com sua própria cabeça. Por fim, a missão de quem instrui é discordar, quando for o caso, sempre com respeito.

No limite do que é direito humano (e, meu Deus, o que são mesmo os direitos humanos?), todo ignorante tem direito aos seus quinze minutos de fama, como diria Warhol. Somos nós, os leitores, alunos da internet, esta mestre ignorante, que devemos nos emancipar intelectualmente e pensar sozinhos, não guiados.

Junta um, junta outro, é certo que Matrix é aqui. Difícil é saber, na terra onde tudo se prova, quem eu sou. Posso ser o escolhido Neo, mas bem posso ser o agente inimigo do sistema.


É Duro... Terei que decidir sozinho!

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Combinemos

A ninguém quero convencer.
Quero praticar.
Nenhum argumento é mais forte
 que nossa prática.

Quando escrevi o mantra de meu blog, esse aí em cima que publico em todos os textos, estava convicto: quero praticar de verdade...

Falo do meu cansaço.

Ás vésperas de uma mudança no comando do país eu, que assisti muitos dos embates políticos na câmara e no senado e participei de outros tantos com meus amigos (sim, eu tenho amigos que professam outras crenças e não briguei com eles), eu estou cansado!

Não importa o que façam lá no topo, nós aqui nas profundezas da economia comum, precisamos começar a mudar este país. Dá pra fazer!

É tempo de arregaçar as mangas. Comecemos pondo fora a velha crença brasileira de que, se a farinha é pouca, meu pirão vem primeiro. Não pode! Não deve!

Pela honra da memória de Betinho que dizia que, quem tem fome tem pressa, desempregados também têm.

Em política, já disse, eu sou sueco, mas, é justamente porque eu sou sueco que acho que o que precisa mudar é o povo. Que este novo tempo continue a ser tempo de cobrança, mas que seja também tempo de ação, de ajudarmos a mudar o mundo de forma concreta e com nossas mãos.

O resto é pura enrolação!

O resto é proselitismo!


Sejamos realistas: a responsabilidade também é nossa!

terça-feira, 26 de abril de 2016

Somos Todos Trocadores

A ninguém quero convencer.
Quero praticar.
Nenhum argumento é mais forte
 que nossa prática.

A Prefeitura de Belo Horizonte e a Câmara dos Vereadores da mesma infeliz-cidade estão a ponto de aprovar o fim dos trocadores. Falham de forma grotesca nas leis da Robótica de Asimov que adaptei para gente (leia em http://goo.gl/KIBy4Q).

Não é que eu veja sentido em trocadores. Num país sério, estariam preocupados em criar condições reais para que um motorista não tivesse que dirigir fazendo troco. Nunca andaram de lotação, assim se dizia na minha infância. Houvessem andado, saberiam que os motoristas estão se especializando em dirigir em avenidas movimentadas ao mesmo tempo em que vasculham bolsos e caixas em busca de moedas. Um perigo!

Trocadores não são necessários. A gente podia usar cartões magnéticos ou até o celular, a tecnologia está aí para isso. O problema é que, cada vez que a tecnologia substitui funções que pouco ou nada acrescentam na prestação do serviço, substitui gente. É aí que temos que pensar como sociedade. Demitir milhares de pessoas do dia para a noite, em plena crise econômica, sem lhes dar qualquer chance de se reocuparem nem tempo de novo treinamento é cruel.

Muitos dirão que é o sinal dos tempos.

Também acho.

Eu já disse, falando do UBER que tanto aprecio: somos todos taxistas!

Agora estou dizendo: somos todos trocadores!

Em breve seremos todos advogados, médicos, professores, engenheiros, arquitetos.

É só continuar a pensar a tecnologia sem pensar a sociedade e vamos direto para a vala dos comuns.


domingo, 24 de abril de 2016

O Medo Essencial de Nosso Tempo

 A ninguém quero convencer.
Quero praticar.
Nenhum argumento é mais forte
 que nossa prática.

Confronto Isaac Asimov com Bauman.

O primeiro criou as três leis da robótica para proteger a humanidade. O segundo fala do medo líquido em seu livro do mesmo nome.

Somadas, as duas falas nos conduzem a uma espécie de medo essencial de nosso tempo, talvez pior que o medo de morrer, o medo de perder o sentido. Nick Bostrom refletiu sobre isso no Ted (https://goo.gl/VlVJUw).

Se perdermos para máquinas que pensem melhor e mais rápido que nós mesmos, que sentido fará morrer? Pior: que sentido fará viver?

Para mim, só há duas razões pelas quais vale a pena que a ciência avance: explicar o que somos e melhorar nossa condição de vida. Um paradoxo, quando pensamos em inteligências cibernéticas que nos superem, mas que, respeitado Asimov, nos preservem.

Podemos parar por aqui ou seguir em frente. Estamos a um passo de enfrentarmos o medo essencial de nosso tempo: sermos superados por nossas criações. Isso não nos fará superar Deus, quanta pretensão, mas nos fará encontrar nossa humanidade.

Asimov nos deixou a pista e eu reescrevo suas leis da robótica para seres humanos:

1ª Lei: Um ser humano não pode ferir outro ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
2ª Lei: Um ser humano deve obedecer os princípios da humanidade, exceto nos casos em que esta obediência entre em conflito com a Primeira Lei.
3ª Lei: Um ser humano deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a primeira ou segunda Leis.
Lei Zero: Um ser humano não pode causar mal à humanidade ou, por omissão, permitir que a humanidade sofra algum mal.

Deve ser isso e faz todo sentido. Para valer para os robôs, tem que valer prá nós, primeiro.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Fazer Aniversário

A ninguém quero convencer.
Quero praticar.
Nenhum argumento é mais forte
 que nossa prática.

Fazer aniversário nos coloca inexoravelmente mais perto de Deus. Estamos a caminho de morrer, mas, como diz Paulo Apóstolo, saio de ver nas sombras para contemplá-lo face a Face. A idade nos deixa sábios e isso é uma esperança, nunca uma certeza.

Sempre fiz aniversário em feriado, um feriado insistente, de Tiradentes à fundação de  Brasília e depois a morte do Tancredo que eu vi de perto. Estava lá. Não adianta insistir: 21 de abril, se não fosse feriado, alguém inventava um!

Dizem que receber parabéns pela internet é frio. Dizem que as pessoas dão os parabéns por obrigação. Eu não acho e, como não quero convencer ninguém, só praticar, explico que fazer aniversário em feriado era bem mais solitário antes da internet e das redes sociais.

Então agradeço a cada qual que já se lembrou ou ainda se lembrar de mim. Faço isso  de uma forma muuuiiiito carinhosa, e explico que, quando me lembro de outas pessoas em seu aniversários e desejo invariavelmente PAZ e BEM, desejo porque sou Francisco, Roberto Francisco, e esta era a saudação do Santo, desejando que Deus se torna-se o centro de nossas vidas.

Como a aniversário é meu, retribuo a todos que se lembraram de mim e também aos que se esqueceram, com outra benção que considero encantada do sentido de Deus. Está em números 6, 24-26 e diz assim:

O Senhor te abençoe e te guarde!
O Senhor te mostre a Sua face e te conceda sua graça!
O Senhor volva o Seu rosto para ti e te dê a paz!


Obrigado, de coração!

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Brasil acelera na marcha à ré da Internet

A ninguém quero convencer.
Quero praticar.
Nenhum argumento é mais forte
 que nossa prática.

Eu disse! Não é só o governo o problema do Brasil. Um bando de empresas despudoradas, provedores da internet do brasileiro, resolveu, com as bênçãos da  agência desreguladora Anatel, fazer o país acelerar na marcha à ré.  Vão bloquear a nossa internet por volume de uso!

Pra quem acha que os mais abastados vão se importar com isso é ledo engano. Vão apenas pagar a conta e falar mal de governo concessionárias. São os mais pobres que vão sentir. São eles que vão ficar de fora da rede. São eles que vão perder.

As teles e o despreparado presidente da Anatel dizem que o povo está jogando demais, vendo filme demais na bem-vinda Netflix. Eles se esquecem que um monte de gente usa a internet para estudar a distância e obter formação e melhores condições de vida. Em muitas das comunidades atendidas pelo CDI MG e pelo Arbórea Instituto, o link da internet é a diferença. Vamos perder isso e muito mais!

Querendo praticar em vez de convencer, estou pronto para a luta. A TI de Minas precisa se pronunciar e incendiar o Brasil. Os grandes empresários precisam chamar seus fornecedores de link e pressionar. A População precisa pressionar. O ministério Público precisa pressionar. Temos que parar de viver num país onde coisas erradas são feitas porque são lei ou contrato. Leis erradas precisam cair. Contratos leoninos precisam ser cancelados pelo bem comum. Estou na luta e convido meus pares para a luta.


Quando se trata do bem da população, sobretudo dos mais necessitados, desobedecer e enfrentar governos e poderosos concessionários é uma necessidade higiênica.